RESERVATÓRIOS MULTIFUNCIONAIS ATRAVÉS DE SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA: UMA NOVA GERAÇÃO DE RESERVATÓRIOS COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Autores

Palavras-chave:

Reservatórios Multifuncionais, Drenagem Sustentável, Soluções Baseadas na Natureza, Mudanças Climáticas, Cidades Resilientes

Resumo

A segurança hídrica da RMSP foi articulada historicamente através do uso de estruturas baseadas na hard engineering, com a implantação de canalizações e de reservatórios de detenção, chamados popularmente de “piscinões”. Os reservatórios de detenção brasileiros apesar de atuarem de forma significativa na atenuação dos picos de vazões, tem pouco ou nenhum efeito sobre a qualidade das águas. Atualmente a Região Metropolitana de São Paulo conta com 53 reservatórios do tipo, que totalizam um volume de amortecimento de 9,95 milhões m³. A maioria dos municípios brasileiros ainda não atingiu a universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgotos e, portanto, a carga recebida pelo sistema de drenagem através desta fonte ainda é significativa. Além disso, devido à inexistência de um sistema de controle de cargas difusas, os reservatórios de detenção recebem grandes quantidade de poluentes durante suas operações. Só em 2019 a Prefeitura do Município de São Paulo retirou 170 toneladas dos reservatórios da cidade. Além disso, estes reservatórios são de fato utilizados apenas durante alguns meses do ano, no período chuvoso, permanecendo a maior parte do tempo sem uso. A concepção inicial destas estruturas previa a implantação de equipamentos de lazer em seu interior, que poderiam ser utilizadas no período de estiagem. No entanto devido ao contexto de degradação das águas, tal uso fica inviabilizado. Desta forma é necessária a adoção de novas estratégias que tornem esses reservatórios multifuncionais, permitindo sua utilização para além do controle quantitativo das águas. O presente estudo apresenta estratégias para a conversão dos reservatórios de detenção em unidades de tratamento das águas pluviais através de Soluções Baseadas na Natureza e a integração destas estruturas à paisagem urbana, utilizando, para tanto, técnicas consolidadas nas referências internacionais e adequadas ao contexto brasileiro. Desta forma, pretende-se contribuir para a construção de cidades mais adaptadas e resilientes às mudanças climáticas.

Biografia do Autor

Juliana Alencar, USP

Engenheira Ambiental (UL) e Bióloga (IB-USP). Doutorado e Mestrado pelo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (PHA) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP); Mestrado sanduíche no Departamento de Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambiente da Universidade de Coimbra. Especialização técnica em medidas compensatórios na LA Sanitation, Califórnia. Pós-doutorado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP). Professora na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATECSP) autarquia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) na cadeira de Manejo de águas urbanas; Professora colaboradora no Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PECE-POLIUSP). 18 anos de experiência com projetos de infraestrutura urbana, Revitalização de rios, Soluções Baseadas na Natureza, Infraestrutura Verde e Planos de Manejo e Drenagem Sustentável das Águas. Pesquisadora nas linhas de pesquisa manejo de águas urbanas e infraestrutura verde.

Paulo Pellegrino, FAU USP

Arquiteto Paisagista e Urbanista, é Professor Associado Sênior da Universidade de São Paulo, junto ao Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design. Mestre em Arquitetura e Urbanismo (1987) e Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1995). Orientador credenciado no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAU-USP, foi um dos idealizadores e é o Vice-Coordenador do LABVERDE, um Laboratório para o desenvolvimento de pesquisas inovadoras na proposição, monitoramento e avaliação do desempenho de projetos e planos de paisagem que contribuam para o tratamento e recuperação das águas urbanas e rurais, para o aumento da produtividade dos ecossistemas, para o controle climático e o conforto ambiental, mobilidade e saúde publicas, em adição às dimensões simbólicas das paisagens. Sua experiencia profissional também inclui o desenvolvimento de vários projetos pro-bono e consultorias no campo do planejamento e da arquitetura da paisagem, em plano de bacias, recuperação de áreas degradadas, parques e praças públicas. Todas essas atividades geridas dentro da perspectiva de que as paisagens não são apenas extensos artefatos materiais, mas sistemas complexos análogos aos organismos vivos, exibindo muitas das mesmas características. Participa da visão emergente de projetar novas paisagens baseadas em sistemas inovadores de infra-estrutura adaptados a fluxos e metabolismos urbanos e regionais, combinando sistemas tecnológicos, morfológicos e ecológicos, o que torna esta atividade de projeto estratégica para uma maior resiliência de nossas cidades.

Rodolfo Scarati, POLI US´P

Engenheiro Civil, Mestre, Doutor e Livre-Docente em Engenharia pela Universidade de São Paulo, atualmente é professor associado do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP, onde atua nos cursos de graduação e pós graduação em engenharia civil, engenharia ambiental e arquitetura. É pesquisador nas linhas de Modelagem Hidrodinâmica, Drenagem Urbana e Segurança de Barragens com foco em modelagem tridimensional hidrodinâmica e de qualidade das águas de lagos e reservatórios, gestão sustentável da drenagem urbana, mapeamento de risco de inundações e avaliação de impactos de barragens.

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Publicado

2024-10-25