O COMÉRCIO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: ESTUDO DE CASO EM NOVA FLORESTA, ESTADO DA PARAÍBA
Palavras-chave:
Recursos Hídricos; Seca, Aquífero Serra do Martins, Abastecimento PúblicoResumo
No ano de 2014, diante de uma seca severa, o município paraibano de Nova Floresta viu seu sistema de abastecimento hídrico colapsar, deixando os munícipes praticamente abandonados à própria sorte. Na busca pela superação desse problema de abastecimento, a população passou a recorrer das suas até então esquecidas águas subterrâneas, perfurando diversos poços ao longo da zona urbana. Nesse cenário, donos de poços passaram a fornecer água a seus vizinhos de bairro, numa prática que logo seria amplamente adotada por toda a cidade, instituindo um novo sistema de abastecimento e uma nova atividade comercial no município. No entanto, a adoção desse novo sistema trouxe muitas dúvidas e preocupações relativas à sua sustentabilidade, assim como os possíveis riscos à saúde relacionados ao consumo dessas águas. Assim, esta pesquisa teve por objetivo caracterizar o comércio das águas subterrâneas de Nova Floresta através dos aspectos relativos ao produto e sua fonte, os fornecedores e consumidores. O conjunto de dados das fontes d’água utilizados nesta pesquisa foram obtidos através de consulta aos órgãos públicos gestão e fiscalização. Esses dados foram tratados através de estatística descritiva e avaliados conforme um índice de qualidade de água. Já a identificação e caracterização dos fornecedores e consumidores deu-se por meio de entrevistas e formulários. Os resultados apontaram que as águas subterrâneas do município são predominantemente inadequadas à dessedentação humana, apresentando altos níveis de salinidade, acidez e dureza, bem como altos teores de cloretos e nitrato. Foram identificados 23 fornecedores que, embora não possuíssem quaisquer licenças para comercializar ou distribuir essas águas, abastecem aproximadamente 1.080 famílias, cobrando delas uma taxa mensal que varia de R$ 30,00 a R$ 50,00. Isso acarreta uma movimentação financeira no município de aproximadamente R$ 48.000,00 mensais e R$ 576.000,00 anuais. Os consumidores entrevistados utilizam as águas subterrâneas fornecidas quase que exclusivamente para fins de higiene pessoal e domiciliar. Isto faz com que eles precisem recorrer a outras fontes d’água para suprir suas demandas hídricas. Contudo, observou-se que há casos em que consumidores utilizam as águas fornecidas para cozinhar, o que pode representar um risco grave à saúde. Apesar disso, os consumidores apontam preferência ao sistema abastecimento atual em comparação ao sistema antigo, o que é motivada especialmente pela regularidade no abastecimento e tarifa fixa cobrada. Portanto, é notório que o comércio de águas subterrâneas de Nova Floresta representa uma atividade econômica de grande relevância para o município e uma fonte de abastecimento regular para a população. Recomenda-se que o poder público atue na regulamentação dessa atividade e na gestão dos recursos hídricos subterrâneos, fomentando ações de monitoramento da qualidade e dos níveis de água do seu aquífero. Além disso, a população deve estar consciente da qualidade das águas que estão sujeitas a consumir, e novas alternativas devem ser adotadas pela gestão pública pra que a população tenha acesso pleno a água de boa qualidade.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Revista de Gestão de Água da América Latina
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
No ato do envio do artigo, observe que:
Responsabilizar-se pelos demais autores, quando houver, como co-responsáveis pelo conteúdo técnico e científico do artigo, obedecendo ao Artigo 5º da Lei no 9.610, que trata do Direito Autoral.
Todas as declarações publicadas nos artigos são de inteira responsabilidade dos autores. Entretanto, todo material publicado, torna-se propriedade da REGA, que passa a reservar os direitos autorais. Portanto, nenhum material publicado na REGA poderá ser reproduzido sem a permissão por escrito da REGA. Todos os autores de artigos submetidos à REGA deverão assinar um Termo de Transferência de Direitos Autorais, que entrará em vigor a partir da data de aceite do artigo. Este termo será solicitado pela REGA antes da publicação do artigo. O autor responsável pelo artigo receberá, sem custos, a separata eletrônica da publicação (em formato PDF).
Todos os artigos publicados em acesso aberto serão imediata e permanentemente gratuitos para que todos possam ler, baixar, copiar e distribuir. A reutilização permitida é definida por sua escolha de uma das seguintes licenças de usuário:
Atribuição Creative Commons (CC BY): permite que outras pessoas distribuam e copiem o artigo, para criar extratos, resumos e outras versões revisadas, adaptações ou trabalhos derivados de ou de um artigo (como uma tradução), para incluir em um trabalho coletivo ( como uma antologia), para extrair texto ou dados do artigo, mesmo para fins comerciais, desde que creditem o (s) autor (es), não representem o autor como endossando sua adaptação ao artigo e não modifiquem o artigo em de maneira a prejudicar a honra ou a reputação do autor.
Direitos de Autor
Para a publicação de acesso aberto, esta revista usa um contrato de licença exclusivo. Os autores manterão os direitos autorais juntamente com os direitos de uso acadêmico e a REGA receberá direitos de publicação e distribuição.
Política de auto-arquivamento do autor
Esta revista permite e incentiva os autores a postar itens submetidos à revista em sites pessoais e repositórios institucionais ou financiadores após a publicação. A versão final publicada em PDF deve ser usada e os detalhes bibliográficos que creditam a publicação nesta revista devem ser incluídos.
O sistema LOCKSS e CLOCKSS tem permissão para coletar, preservar e servir como unidade de arquivamento.